quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Atividade 4.6 - Produção de um relato multimídia do seu projeto pedagógico

Vídeo desenvolvido para o Curso sobre as TICs (NTEM-Ponta Porã). Através do uso de diversas mídias (textos, sons, imagens etc.) o projeto propõe um maior conhecimento e consequente reconhecimento da contribuição da cultura negra na formação da identidade do povo brasileiro.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Espiritualidade de Barnabé x Espiritualidade moderna - Atos 11.22-26


Hoje, no meio dito evangélico, está na moda uma acentuada busca do lado místico da vida cristã ou, em outras palavras, do que se entende por espiritual. Todos querem ser espirituais porém, na maioria das vezes, buscam caminhos que não condizem ou correspondem a uma espiritualidade embasada, biblicamente falando. O que a maioria das pessoas entende por espiritual tem mais que ver com ascetismo, alienação e egocentrismo. Primeiro porque muitos se julgam espirituais porque pararam ou deixaram de fazer algumas coisas, segundo porque abominam tudo o que é “deste mundo” como se aqui não vivessem, e terceiro porque sua pretensa espiritualidade não vai além do próprio umbigo.
Seguindo a tendência o filão dos chamados artigos gospel supre as demandas com literatura, músicas e quinquilharias onde quase tudo é dirigido à edificação do eu espiritual, isto é, à primeira pessoa do singular: meu Deus, eu sou, eu quero, eu vou, eu posso, eu determino etc., chegando a ter um forte teor de culto a si mesmo. Logo o que se entende por ser espiritual é algo altamente individualizante e pessoal, transcendente, sectarista e, poderíamos dizer, até esotérico, contrastando fortemente com o modo comunitário - e despretensioso - de ser espiritual dos primeiros cristãos.
O versículo 24 do texto apresentado como referência nos diz que Barnabé “Era, com efeito, um homem reto, cheio do Espírito Santo e de fé...” (TEB) e isso é importante para a nossa compreensão em tempos onde muitos buscam uma espiritualidade à toda prova. O seu estilo de vida contagiante vem assim evidenciar um jeito de ser cristão que se torna paradigma de espiritualidade, não por se isolar, se sobressair, ou por ser um seguidor da última bobeira gospel, mas a partir do que naturalmente fez. A sua espiritualidade era aberta a outros e era concreta, isto é, realizava-se no plano de vida e contexto em que se encontrava. Era uma espiritualidade “deste mundo”; bem terrena, poderíamos dizer.
No Capítulo quatro dos Atos, nos versículos 36 e 37 Barnabé é o primeiro nominalmente citado a dispor de recursos financeiros para ajudar os menos favorecidos da comunidade cristã nascente (At 4.36, 37). Em Atos 9.27 ele nos dá um grande exemplo de solidariedade apresentando-se e, por que não dizer, expondo-se como fiador de Saulo, o recém-convertido, ajudando-o a obter aceitação e confiança diante dos discípulos de Jerusalém. Foi a credibilidade, discernimento e encorajamento de Barnabé que mantiveram Saulo firme nesse difícil momento de sua vida. Quando tudo parecia estar contra ele, Barnabé apresenta-se como testemunha da sua mudança de vida e de que com ousadia havia pregado em nome de Jesus em Damasco.
Por conta dessa boa reputação que gozava Barnabé foi escolhido pelos líderes de Jerusalém para avaliar e conferir o trabalho dos pregadores itinerantes que estavam em Antioquia. Ali, vendo a graça de Deus, muito se alegrou e encorajou os primeiros fiéis para que “de todo o coração, permanecessem firmes” (At 11.19-21). Foi nessa ocasião que buscou Saulo trazendo-o para a igreja de Antioquia onde trabalharam juntos por um ano. Ele reconheceu o potencial que havia em Saulo e assim não o procurou apenas para encorajá-lo, mas para ser ajudado por ele visto que havia uma “multidão considerável” para ser ensinada e cuidada.
Desse modo vemos que a verdadeira espiritualidade não se fecha, mas busca ambientes de compartilhamento, ajuda e crescimento mútuos. Podemos entender, afinal, que não foi à toa que esse levita de Chipre recebeu o carinhoso cognome de encorajador ou filho da consolação (At 4.36); percebe-se que o conhecimento de suas qualidades já era notório entre os irmãos. Muito provavelmente foi o seu exemplo de espiritualidade que contagiou os demais cristãos de Antioquia para que socorressem os santos da Judéia, pois o vers. 30 do capítulo em destaque nos diz que a ajuda destinada a eles foi enviado pelas mãos de Barnabé e Saulo.
Será que havia nesse homem ainda mais alguma qualidade que não sabemos? Vejamos: Atos 13.1 nos apresenta uma lista de profetas e mestres em Antioquia, e olha o nome de Barnabé incluído aí! E será que Deus se interessa por tal tipo de espiritualidade? O versículo seguinte diz que o próprio Espírito Santo o escolheu para que juntamente com Saulo anunciassem a Palavra, missão que teve seu início entre os judeus, mas que no seu decurso vai se voltando para os não judeus (gentios). Durante essa viagem missionária Deus realiza coisas notáveis por meio de ambos, e Paulo tem uma pequena amostra de que futuro o espera. Essa missão termina em Atos 14.26, mas é importante frisar que durante ela, com o seu futuro evangelístico-missionário desenhado, pouco a pouco Paulo vai tomando a proeminência. O texto de Atos 14.12 já nos mostra ele à frente do discurso, e assim podemos entender que ao longo desses anos Barnabé com sua fé viva e aberta, com sua liderança sem vaidades, e com sua espiritualidade voluntariosa havia dado segurança e autonomia para que, livremente, nascesse e se desenvolvesse o frutífero ministério de Paulo, o apóstolo dos gentios.
Essa breve reflexão de forma alguma esgota o assunto, mas nos dá uma pequena amostra do que pode ser chamado de espiritualidade. Baseados nela é possível percebermos como algumas pessoas e mesmo igrejas completas andam longe do que poderíamos chamar de uma espiritualidade bíblica!
A espiritualidade de Barnabé, manifestada por seus atos, era edificada sobre uma fé sadia e operosa, e pela plenitude do Espírito Santo. E quanto a nós, o que nos define hoje como pessoas de fé e cheias do Espírito?
Olhando para Barnabé vemos que o que define a espiritualidade não são as tendências, os modismos e as excentricidades, mas uma vida voltada, de fato, à vida, ao real e concreto da existência humana, voltada ao Reino de Deus, voltada ao próximo. Quem ousaria dizer que Jesus não foi espiritual? Ainda que pesaroso pela superficial espiritualidade de alguns é assim que o vemos enquanto anunciava com seu estilo de vida que todo o fardo da lei e dos mandamentos se resumem em dois atos de dedicação que se fundem, visto não subsistirem separadamente. Atos que promovem, edificam e sustentam a vida; atos de negação de si mesmo e de amor (Marcos 12.29-34). Entendemos que Barnabé soube seguir com coragem, determinação e simplicidade os passos do mestre, e nos deixar um exemplo de espiritualidade que deu certo. Ou alguém duvida?

Valdenir Soares - Teólogo e Professor