quarta-feira, 2 de abril de 2014

A Páscoa nos dias de Jesus


O modo como a cidade de Jerusalém ficava por ocasião da Páscoa nos tempos de Jesus é assim adequadamente descrito:
"A cidade mesma e a vizinhança se tornavam mais e mais lotadas à medida que o dia da Festa se aproximava. As ruas estreitas, as sombras curvadas das lojas e a aglomeração de pessoas de todas as nações ainda eram como nos dias quando Jesus visitou Jerusalém pela primeira vez, ainda menino. Até mesmo o templo se apresentava com um aspecto singular durante este período, pois grandes espaços dos pátios exteriores ficavam cobertos com pequenos cercados cheios de ovelhas, cabras e gado que eram utilizados nos sacrifícios. Vendedores gritavam os valores de seus animais, ovelhas baliam, bois mugiam. Vendedores de pombas também tinham o seu próprio lugar separado dos outros. Oleiros ofereciam enormes pilhas de pratos de barro com muitas opções, bem como fornos para assar o cordeiro de Páscoa que seria consumido. Havia barracas de vinho, azeite, sal, e tudo o mais que o participante (ou seria freguês) precisava para oferecer o seu sacrifício. Pessoas que iam e voltavam da cidade, frequentemente carregando pesadas cargas, cortavam caminho passando pelo pátio do templo. Havia grande quantidade de bancas de câmbio para trocar a moeda estrangeira pelo shekel do templo, pois os sacerdotes só podiam receber esse dinheiro. E assim, toda essa confusão fazia do templo um grande e barulhento mercado".
Páscoa é o nome dado à mais importante das três grandes festas históricas anuais dos judeus. Ela foi preservada como lembrança do livramento que o Senhor trouxe quando passou por sobre as casas dos Israelitas ignorando-as, enquanto os primeiro filhos de todos os egípcios foram destruídos (Êxodo 12.13). Ela também é chamada de festa dos pães ázimos, asmos ou sem fermento porque durante sua celebração não era comido pão fermentado, e nem mesmo se guardava fermento em casa (Êxodo 12.15; 23.15; Marcos 14.1; Atos 12.3). Com o passar do tempo a palavra Páscoa para muitos judeus passou a significar o cordeiro que era morto na festa (Marcos 14.12-14; I Coríntios 5.7).
Em Êxodo 12.1-20 e 13.1-16 encontramos todos os detalhes da instituição desta festa que, logo à frente, foi incorporada nas cerimônias da Lei como uma das maiores comemorações da nação judaica (Levítico 23.4-8). Porém, entre a saída do Egito (Êxodo) e a entrada em Canaã, essa festa foi comemorada apenas uma vez, e esta celebração ficou registrada no livro de Números 9.5.
Ao compararmos vários textos bíblicos como Deuteronômio (16.2, 5, 6), II Crônicas (30.16), Levítico (23.10-14), Números (9.10, 11; 28.16-24) vemos que, tempos depois, surgiram muitas mudanças na forma de comemoração da Páscoa que eram diferentes da sua primeira comemoração. Além disso, o uso do vinho, do molho com as ervas amargas e um momento de louvor foram introduzidos (Lucas 22.17, 20; João 13.26; Mateus 26.30). Primariamente ela era uma ordenação comemorativa que lembrava aos filhos de Israel a sua libertação do Egito. Porém, e sem dúvida alguma, é também para os cristãos um símbolo da grande libertação que o Messias providenciou para todos os povos livrando-os da destruição da morte causada pelo pecado, e da escravidão do pecado, que é pior que a escravidão egípcia (I Coríntios 5.7; João 1.29; 19.32-36; I Pedro 1.19; Gálatas 4.4, 5).
Jesus é o Cordeiro de Deus que o Pai nos deu para que por seu sangue sejamos também livres da morte e da destruição eterna. Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1.29). Ele é o nosso cordeiro pascal, a nossa Páscoa (I Coríntios 5.7).
Vamos dizer não aos ensinamentos errados e às fantasias puramente comerciais (consumismo). Páscoa é ressurreição e novidade de vida (Gálatas 5.1). Por isso vamos celebrá-la com muita alegria e desfrutar da libertação que Cristo conquistou com o oferecimento de si mesmo como o Cordeiro perfeito.


Valdenir Soares - Teólogo e Professor.
Traduzido e adaptado de BUSHELL, Michael S.; TAN, Michael D. (Ed.).
Passover (Easton Bible Dictionary). In: BibleWorks for Windows.
Big Fork: HERMENEUTIKA, 1998. CD-ROM.