sábado, 8 de março de 2014

Mulheres... simplesmente surpreendentes!


O capítulo vinte do Segundo Livro de Samuel nos conta a história de uma mulher que por sua sabedoria salvou toda uma cidade. Tudo começou com a rebelião de um desordeiro chamado Sheba contra o rei David, que havia perdido seu filho Absalão e estava passando por uma situação desfavorável. Este homem, aproveitando-se de uma discórdia entre as tribos de Israel e a de Judah, convocou os dissidentes de Israel e levantou uma revolta contra o rei. Percebendo a necessidade de se reprimir a rebelião o rei ordenou que um dos seus oficiais convocasse os soldados pessoais da guarda real e perseguisse os rebeldes.
Sob a liderança de Joab, comandante do exército de David, os soldados cercaram a cidade onde o grupo de rebeldes liderado por Sheba havia se escondido. Em pouco tempo haviam construído ali uma rampa e estavam prestes a derrubar os muros quando ouviram o clamor de uma mulher dizendo que queria falar com o comandante. Joab imediatamente se apresentou, e esta mulher o questionou a respeito do motivo pelo qual estavam invadindo a cidade, pois era cidade pacífica e antiga em Israel e tida como uma cidade mãe, herdeira das bênçãos do Senhor. Joab respondeu que não queria destruir a cidade nem fazer mal a ninguém, mas apenas capturar o rebelde Sheba que se encontrava entre os habitantes, e assim orientou a mulher para que o entregasse e ninguém sofreria dano. A mulher, rapidamente, falou aos moradores o que estava acontecendo e aconselhou-os a entregarem o agitador, o que foi feito prontamente, e o exército do rei se foi deixando-os em paz.
Aquela cidade era reconhecida como cidade fortificada e ali residiam muitos homens valentes, mas coube a esta mulher, cujo nome nem mesmo é mencionado, evitar que ela fosse invadida, saqueada e que muitos inocentes morressem nas mãos dos soldados de Joab.
Que nesse oito de março, ao comemorarmos o Dia Internacional da Mulher, não nos esqueçamos de homenagear e interceder por milhares - talvez milhões - de mulheres neste país e em todo o mundo que, como a mulher sem nome dessa história, agem no anonimato sem ter ainda muitos de seus direitos reconhecidos, dentre eles o direito mínimo de ser gente. Lembremos também que vivemos tempos de muitas e rápidas mudanças na sociedade onde a nossa “cidadela”, a família, está constantemente cercada por invasores que a ameaçam, que querem entrar (e entram) sem pedir a minha ou a sua permissão.
Por isso, nesses dias, carecemos dos atributos divinos tão presentes e tão expressivos nessas criaturas de Deus chamadas muitas vezes apenas de mulheres. Precisamos da coragem e ousadia de uma Débora, profetiza e juíza sobre Israel, que junto com Baraq comandou uma batalha contra adversários cruéis e os venceu (Juízes 4.1-24). Necessitamos encontrar em nossos dias mulheres de grande fé como aquela siro-fenícia que tendo apenas ouvido a respeito de Jesus veio e prostrou-se a seus pés crendo que ele poderia libertar a sua filha (Marcos 7.24-29). Esperamos, ainda, encontrar mulheres de sensibilidade como a samaritana, que rompe as barreiras dos preconceitos, se abre à salvação e dá novos rumos à sua vida e às de muitos outros através do seu testemunho (João 4.5-30, 39-42). E, por fim, esperamos encontrar mulheres como Maria, a mãe de Jesus, Maria, mulher de Cleopas, e Maria Magdalena, que amem a Cristo e sua obra a ponto de, se necessário, o acompanharem até a cruz (João 19.25).
Infelizmente, por fazer parte de um tempo e de uma cultura persistentes onde o homem sempre é mais valorizado, o nome daquela mulher não ficou registrado. Contudo, por sua sensatez, iniciativa e prontidão a história bíblica imortalizou o seu feito e lhe concedeu a honra de ser lembrada como mulher sábia que num momento decisivo refletiu com prudência e agiu em favor de todos (v. 16, 22). Ela soube pôr em ação a maior das dádivas dada a todos os seres humanos pelo Criador, mas particularmente desenvolvida pelas mulheres: o amor e impulso divino de preservação da vida.
O meu desejo é que neste mês todas sejam lembradas não apenas como mulheres, mulheres-esposas, mulheres-mães, mulheres-amigas... mas como presentes de Deus para abençoar o mundo.
Parabéns a todas!

Valdenir Soares - Teólogo e Professor