quinta-feira, 23 de junho de 2016

O Cristão e os Jogos Olímpicos


Todo atleta em tudo se domina;
eles, para alcançar uma coroa que logo perece;
nós, porém, para ganhar uma coroa que dura para sempre
I Co 9.25

Durante o mês de agosto será realizada no Rio de Janeiro (Brasil) a 31ª edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna. Considerado o maior evento esportivo do planeta, os Jogos Olímpicos causam uma efervescência mundial com grande destaque nas principais mídias, como Televisão, Internet, Jornais, Revistas, enfim, em todos os meios de comunicação. Chamados de Jogos Olímpicos de Verão, o evento no Brasil terá como slogan a auspiciosa frase Um novo mundo. Esta será a primeira realização dos jogos na América do Sul (segunda vez na América Latina), e contará com a participação de 206 países e um número estimado de 12.500 atletas divididos em 28 modalidades [1].
Por todas as expectativas que produz, os anos que antecedem os jogos são preenchidos de intenso trabalho onde diferentes tipos de pessoas são observadas, examinadas, escolhidas, exaustivamente treinadas, e postas sob o compromisso de se empenharem e honrarem seus países nas diversas modalidades da competição. Quando finalmente chega a data dos jogos, as delegações, oriundas das mais remotas localidades do mundo, são enviadas ao local das competições, levando seus representantes cheios de convicções e esperanças.
Entretanto, engana-se quem pensa que esses atletas levam na bagagem apenas compromissos e propósitos patrióticos; levam também muito de pessoal, particularmente a determinação de mostrar seu preparo, vencer seus adversários e conquistar uma das três tão sonhadas medalhas olímpicas.
Ao considerar o conjunto de coisas que cercam a vida destes esportistas, chama-nos a atenção os muitos paralelos que podemos distinguir entre a vida de um atleta e de alguém que se propôs a seguir a Cristo. O Apóstolo Paulo eventualmente presenciou no seu tempo determinados jogos públicos que faziam parte dos costumes tanto de gregos quanto de romanos. Atento observador, nos seus escritos ele constantemente faz das competições esportivas e do atleta suas figuras preferidas para falar ao cristão o quanto são necessárias determinadas qualidades para se chegar a ser considerado, de fato, um vencedor.
O texto bíblico citado no início desta reflexão fala que todo atleta precisa ter um autodomínio capaz de subjugar todas as suas vontades e preferências debaixo de um único propósito: vencer a competição. Para isso são necessárias algumas qualidades que Paulo usava em referência a si mesmo e a seus companheiros de ministério. Dentre elas podemos citar a determinação, o preparo, a abnegação e a perseverança.
Em sua Carta aos Gálatas, na defesa que faz do seu apostolado, Paulo diz que ao entender a obra de Cristo em sua vida e o chamado para anunciar o Evangelho, não consultou nem se justificou diante de ninguém, mas começou imediatamente a anunciar as boas notícias de salvação entre os gentios (Gl 1.11-17). Isso é determinação!
No final da Carta endereçada aos Efésios, Paulo fala de uma luta que o cristão deve enfrentar, vencer e permanecer de pé. Para isso, mais que atenção e coragem, é necessário estar bem equipado (Ef 6.10-18). Isso é preparo!
Em muitos de seus escritos, ele revela que ao se decidir por Cristo e pelo anúncio do Evangelho já não fazia mais caso de suas próprias vontades. Em alguns momentos o Apóstolo cita privações de coisas básicas, como moradia, roupas, e até mesmo alimento, (I Coríntios 4.10, 11). Em outros textos temos testemunhos de prisões, açoites e riscos de morte (Atos 16.23; II Coríntios 11.23, 26). E isso tudo por amor a Cristo e àqueles com quem compartilhava, de forma vívida, o Reino de Deus. Isso é abnegação!
Por fim, ainda que o Apóstolo amasse igualmente aqueles a quem se dirigia, ao lermos determinadas cartas vemos que em certos momentos alguns cristãos necessitaram de um cuidado mais dedicado e intenso. A indignação pela inconstância dos gálatas e pelos repetidos erros dos coríntios nos mostra onde e o quanto o seu trabalho, suas lágrimas e o seu amor eram mais exigidos (Gálatas 3.1-5; I Coríntios 3.1, 2; II Coríntios 6.14-16). Isso é perseverança!
Perto do fim de sua vida Paulo pôde afirmar que havia combatido o bom combate, terminado a corrida e guardado a fé, deixando-nos a certeza de que, assim como o prêmio recebido por vencer um desafio, todo cristão vitorioso receberá das mãos do Senhor a sua coroa (II Timóteo 4.7-8). Ele nos mostra que da mesma forma que a competição de um atleta, o caminho do cristão é, ao mesmo tempo, árduo e sublime, difícil, mas possível, tem dores, suor, lágrimas, mas tem também honra e glória que permanecerão para sempre.

Valdenir Soares - Teólogo e Professor

Referência
[1] fonte: https://www.rio2016.com

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