eles, para alcançar uma coroa que logo perece;
nós, porém, para ganhar uma coroa que dura para sempre
I Co 9.25
Durante o mês de agosto será realizada no Rio de Janeiro (Brasil) a 31ª edição
dos Jogos Olímpicos da Era Moderna. Considerado o maior evento esportivo do
planeta, os Jogos Olímpicos causam uma efervescência mundial com grande
destaque nas principais mídias, como Televisão, Internet, Jornais, Revistas,
enfim, em todos os meios de comunicação. Chamados de Jogos Olímpicos de Verão, o
evento no Brasil terá como slogan a auspiciosa frase Um novo mundo. Esta será a
primeira realização dos jogos na América do Sul (segunda vez na América Latina),
e contará com a participação de 206 países e um número estimado de 12.500
atletas divididos em 28 modalidades [1].
Por todas as expectativas que produz, os anos que antecedem os jogos são
preenchidos de intenso trabalho onde diferentes tipos de pessoas são observadas,
examinadas, escolhidas, exaustivamente treinadas, e postas sob o compromisso de
se empenharem e honrarem seus países nas diversas modalidades da competição.
Quando finalmente chega a data dos jogos, as delegações, oriundas das mais
remotas localidades do mundo, são enviadas ao local das competições, levando
seus representantes cheios de convicções e esperanças.
Entretanto, engana-se quem pensa que esses atletas levam na bagagem
apenas compromissos e propósitos patrióticos; levam também muito de pessoal, particularmente
a determinação de mostrar seu preparo, vencer seus adversários e conquistar uma
das três tão sonhadas medalhas olímpicas.
Ao considerar o conjunto de coisas que cercam a vida destes esportistas,
chama-nos a atenção os muitos paralelos que podemos distinguir entre a vida de
um atleta e de alguém que se propôs a seguir a Cristo. O Apóstolo Paulo
eventualmente presenciou no seu tempo determinados jogos públicos que faziam
parte dos costumes tanto de gregos quanto de romanos. Atento observador, nos
seus escritos ele constantemente faz das competições esportivas e do atleta
suas figuras preferidas para falar ao cristão o quanto são necessárias
determinadas qualidades para se chegar a ser considerado, de fato, um vencedor.
O texto bíblico citado no início desta reflexão fala que todo atleta
precisa ter um autodomínio capaz de subjugar todas as suas vontades e
preferências debaixo de um único propósito: vencer a competição. Para isso são
necessárias algumas qualidades que Paulo usava em referência a si mesmo e a seus
companheiros de ministério. Dentre elas podemos citar a determinação, o preparo,
a abnegação e a perseverança.
Em sua Carta aos Gálatas, na defesa que faz do seu apostolado, Paulo diz
que ao entender a obra de Cristo em sua vida e o chamado para anunciar o Evangelho,
não consultou nem se justificou diante de ninguém, mas começou imediatamente a
anunciar as boas notícias de salvação entre os gentios (Gl 1.11-17). Isso é
determinação!
No final da Carta endereçada aos Efésios, Paulo fala de uma luta que o
cristão deve enfrentar, vencer e permanecer de pé. Para isso, mais que atenção
e coragem, é necessário estar bem equipado (Ef 6.10-18). Isso é preparo!
Em muitos de seus escritos, ele revela que ao se decidir por Cristo e
pelo anúncio do Evangelho já não fazia mais caso de suas próprias vontades. Em
alguns momentos o Apóstolo cita privações de coisas básicas, como moradia,
roupas, e até mesmo alimento, (I Coríntios 4.10, 11). Em outros textos temos
testemunhos de prisões, açoites e riscos de morte (Atos 16.23; II Coríntios
11.23, 26). E isso tudo por amor a Cristo e àqueles com quem compartilhava, de
forma vívida, o Reino de Deus. Isso é abnegação!
Por fim, ainda que o Apóstolo amasse igualmente aqueles a quem se
dirigia, ao lermos determinadas cartas vemos que em certos momentos alguns
cristãos necessitaram de um cuidado mais dedicado e intenso. A indignação pela inconstância
dos gálatas e pelos repetidos erros dos coríntios nos mostra onde e o quanto o
seu trabalho, suas lágrimas e o seu amor eram mais exigidos (Gálatas 3.1-5; I
Coríntios 3.1, 2; II Coríntios 6.14-16). Isso é perseverança!
Perto do fim de sua vida Paulo pôde afirmar que havia combatido o bom
combate, terminado a corrida e guardado a fé, deixando-nos a certeza de que,
assim como o prêmio recebido por vencer um desafio, todo cristão vitorioso
receberá das mãos do Senhor a sua coroa (II Timóteo 4.7-8). Ele nos mostra que
da mesma forma que a competição de um atleta, o caminho do cristão é, ao mesmo
tempo, árduo e sublime, difícil, mas possível, tem dores, suor, lágrimas, mas tem
também honra e glória que permanecerão para sempre.
Valdenir
Soares - Teólogo e Professor
Referência
[1] fonte:
https://www.rio2016.com
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